quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Buy Nothing Day - a resposta

Bem, o Rafael respondeu meu último post e eu creio que a opinião dele é digna de ser repostada. Esses meus amigos cultos me matam de orgulho. Aí vai:

Isso é que nem aquela Hora do Planeta, que o pessoal apaga as luzes de casa por 1 hora contra o aquecimento global. Sempre tem um cético pra nos lembrar que desligar um grande fluxo de energia e retomar o abastecimento abruptamente pode queimar transformadores e torres de transmissão <http://www.contraditorium.com/2009/03/28/hora-da-terra-viva-o-onanismo/>.
(Aliás, mudando bastante o assunto, recomendo também esse link aqui <http://www.contraditorium.com/2010/03/26/hora-do-planeta-e-viva-aquel...>. Nem concordo com a opinião do cara, mas é sem dúvida digno de nota).

Normalmente eu sou do grupo dos entusiastas, sabe, *bora fazer, acontecer e pá! *Mas a verdade é que existe sempre pelo menos duas formas de errar:
1. Você achar que um evento simbólico vai resolver o problema, e usar isso como desencargo de consciência, ou
2. Você apenas criticar e não mexer um dedo porque no fundo nada é eficiente.

E é uma via de dois sentidos. Você fazer uma Hora do Planeta, ou um *Buy Nothing Day*, sem dúvida alarga o círculo de discussão, levando as pessoas a pensar sobre o assunto, mas ao mesmo tempo parece que a questão fica mais superficial do que de fato é.

No fundo esses movimentos são tão simbólicos quanto um pedaço de madeira esculpido em formato de Santo. Tem gente que acha que é só um pedaço de madeira. Tem gente que acha que o pedaço de madeira faz milagre. Tem gente que acredita que funciona pra conversar com Deus, mas sabe que não é suficiente.

E bom, eu particularmente sou um *believer. *Até porque vivemos num mundo repleto de construções em cima de símbolos. Uma cruz não é só uma cruz e um símbolo do McDonalds não é só um símbolo do McDonalds, então por que não?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

É sempre bom saber: Buy Nothing Day


O dia mundial sem compras é um protesto que existe desde 1992 e foi fundado pelo artista Ted Dave em Vancouver, Canadá. Trata-se de um dia do ano reservado à reflexão acerca do consumismo exacerbado, cuja intenção é questionar os valores da sociedade capitalista; no buy nothing day, ninguém gasta dinheiro.

No Canadá e nos Estados Unidos, a data da campanha é sempre na chamada "sexta-feira negra" (ou the black friday). Isso é o dia anterior à celebração do Thanksgiving, feriado em que milhares de norte-americanos trocam presentes comprados, em especial, no dia anterior - sexta-feira. A loucura pelas compras é tamanha que deixa o "pré-Natal" brasileiro no chinelo. Shoppings abertos 24h horas não são nada comparados à invasão das lojas na sexta negra. Veja aqui um exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=aeSgBL7gpAk ou aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ehSkxg7wvyk&feature=related

Nos demais países, pratica-se o protesto no último sábado de novembro, ou seja, em 2010 será agora dia 27. Diversas críticas sugerem que o protesto não é válido por centrar-se apenas em um dia do ano, sendo que as pessoas continuam comprando exageradamente em todos os outros. Os ativistas rebatem: por mais que a campanha seja breve, é um dia destinado à reflexão, o que pode ajudar a população a ter consciência da quantidade de gastos desnecessários.
E você, costuma gastar apenas o necessário? Usa todas as roupas que estão no guarda-roupa? Não desperdiça comida? Use o próximo sábado para refletir a respeito e depois responda: você apoia o buy nothing day?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Brás-Ilha

É amor de filha, é duplo e contraditório. E diferente de quem foi acolhido mais velho, eu nasci. Aqui... nasci. Mãe de olhos azuis-rosa-violeta; olhos incansáveis de se ver, olhos que guiam seus acolhidos, vibrantes cores de Picasso, nuvens de esclera. Aurora perfeita.
É uma mãe a que se adapta. Porque, diferente das outras, é organizada, lógica... Planejada por meus avós Brasil. É Moscou verde-amarela.
E como personagem chave minha vida; cidade, me abraça e me mata de tédio. Domingo à tarde. Detesto. Não ter o que fazer em você. Sou rebento da esperança e me maltrata. Porque me ama.
Capital do Brasil, filha do brasileiro, minha mãe avião, que tem asas. Me dá liberdade, educa, corrompe. Cidade centro, sonho de Dom Bosco. Estou crescendo aqui, estou vivendo aqui...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Suposições

Se minha vida fosse um livro, a narração estaria em primeira pessoa. E, relutante, eu me frustraria por não conseguir ser onisciente e onipresente. Em prosa, estaria o cotidiano e as fortes emoções se apresentariam como versos – curtos, brancos, livres e rebeldes. Os críticos enxergariam um expressionismo frustrado e um futurismo ultrapassado, porém o texto é livre de definições. É um poema-romance vanguarda da pós-vanguarda inexistente.

Se minha vida fosse um filme, seria Cult sessão da tarde. Uma mistura de trash, high socity, musical e belas artes. Bergman orientaria a fotografia vermelha como Almodóvar sugeriu; Woody Allen daria um toque de loucura junto ao circo de Fellini. Meu suspense seria a la Hichcock, mas o final feliz nos lembraria os clássicos filmes de Walt Disney.

Se minha vida fosse uma música, o ritmo estaria em ressonância com meu coração e meu amor – sublime e eterno – passearia pelas notas e letras doces, ambíguas e fundas ao toque da canção. Eu dançaria freneticamente sem pensar, sem agir, deixando o destino conduzir.

Mas minha vida é realidade, dia-a-dia, razão. É dura feito consciência pesada, é consistente e exata. Por isso, eu busco a arte e me afogo nas ilusões. Só me prendo à instabilidade e sempre afogo meus pensamentos em emoções.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Por que escrevo

Existe um labirinto entre a boca e a alma, existem palavras que são silêncio – nenhuma voz pode interpretá-las, repeti-las ou mostrá-las. É um vácuo que tende a levar-nos à solidão.

Então encontrei um atalho que liga a alma aos braços e às mãos. E dessa forma eu não crio, eu só traduzo e desvelo o que eu ainda estou conhecendo, o que me faz mexer e dançar. As ideias vêm rodopiando saltitantes e, antes de passarem pelo cérebro, chegam ao papel. Puras e ardidas.

Meu sentimento é arame farpado, a caneta é anestesia da dor da alma e as letras são o sangue que escorre. É tudo nonsense. É tudo perfeição.

Mais uma vez chego ao dilema do auto-conhecimento e concluo que me interpreto pela minha arte. Meus textos representam uma fotografia minha, posso sair de olhos fechados, sorridente, triste ou diferente. Porém, a imagem é sempre minha. Minha letra, minhas frases, meus textos sou eu. E me interpretar é mais que uma análise sintática ou semântica, é agramatical.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por que sou atriz

Ninguém nasce um só. O ser humano é fragmentado, complexo, múltiplo por natureza. Todos querem ser únicos, mas se esquecem de que um todo é formado por partes. Conhecer cada parte é fundamental para que tenhamos consciência do que é estar no mundo e de como lidar com a nossa personalidade e com a dos outros.

A empatia é a maior qualidade que alguém pode ter. Seja com o mundo, seja consigo mesmo. A melhor forma que eu encontrei para aprender a usá-la foi a encenação. Cada personagem capta um pedaço seu escondido ou a mostra. Descubro características óbvias e surpreendentes da minha personalidade neles.

Esse conhecimento de mundo tornou-se como um vício para mim, parte que não quer sair. Já larguei cursos e até a faculdade de arte, porém todos os dias eu só consigo me ver assim, atriz.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Se eu tivesse 15 minutos em que o mundo me ouvisse, eu diria:

A verdade está no ar, captamo-las com observação, paciência e intuição. Ela é instável, mutável e única a cada cidadão, não podendo, portanto, ser ensinada ou transmitida verbalmente.

As opiniões sobre a vida são passageiras, devem ser constantemente reformuladas. O nosso papel no mundo também não é único e é determinado por meio de nossas experiências físicas, sentimentais, lógicas ou emocionais. Podem também ser influenciadas pelos astros, pelos deuses e pelas mentiras.

A arte tem a verdade e é a única forma de materializar emoções. Entregue-se ao abstrato porque a existência foge do concreto. O ser é emoção. A ação é apenas consequência disso. O verbal é a tentativa de tradução, sempre frustrada, da realidade – que nos é interna.

O mundo é dor porque é mistério e a clareza só é possível na introspecção e no auto-conhecimento. Quem conhece a si mesmo, conhece o mundo e somente quem o entende pode transformá-lo tanto para si, quanto para todos.