quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

OUSADIA EM VESTIBULAR DA UnB INCENTIVA MAIS PESSOAS A ACREDITAREM EM SEUS SONHOS


     Por Priscilla Dalledone

    O último vestibular da Universidade de Brasília, realizado nos dias 12 e 13 de janeiro, trouxe mais uma inovação: abordou as redes sociais Facebook e até mesmo o falecido Orkut in memorian na prova do primeiro dia. 
     Essa nova estratégia de motivação mexeu com sonhos mais enrustidos da população jovem brasiliense. Isabela Blumm, socióloga, emocionou-se ao receber a notícia do novo conteúdo do vestibular "Vou me inscrever no próximo pra ver se cai alguma questão sobre o Candy Crush. Vou virar lenda dessa UnB se cair!", diz com lágrimas nos olhos.
     Mestre em Física, Rafael Valença está confiante na aprovação para o curso de Engenharias na UnB: "estava desacreditado com o gabarito lançado pelo pré-vestibular Galois, mas, com o gabarito oficial, percebi que minhas madrugadas dedicadas ao Facebook me serviram de muita coisa, acredito que serei calouro novamente", alegra-se.
     Mais uma vez percebemos que sonhos sempre podem se tornar realidade, inclusive, já há marchas marcadas para a inserção de conteúdos como Justin Bieber, One Direction e Rebeldes. Nos próximos meses descobriremos qual será o posicionamento do CESPE diante dessa onda - chamada por estudiosos "neo-vanguarda-moderna-super-cool".

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ladrões de Guarda-chuva

(6 de junho de 2012)
Ao meu guarda-chuva da Família Addams in memorian

     Eles não assaltam bancos, não carregam armas, não se parecem com os maus senhores de Copolla. Pelo contrário, fingem-se de normais, andando em meio à multidão diariamente. Trabalham em academias, escritórios, colégios; usam roupas normais. Ninguém desconfia deles.
Todavia, eles estão entre nós. E, quando menos esperamos, roubam nosso guarda-chuva. É simples: damos bobeira e deixamo-lo em cima do balcão, do sofá, no banheiro ou num cantinho da parede. Aí é batata, quando voltamos, desapareceu.
     Perguntamos aos balconistas, que nos encaminham à moça da cantina, que, por sua vez, nos aconselha a perguntar ao porteiro. Este dá aquele risinho e começa a lhe contar histórias longas e assustadoras de roubos de guarda-chuva. Percebemos, inclusive, que se faz mito esse sumiço. Alguns chegam a creditar o fato a alienígenas, fantasmas, sacis...
     O ladrão, no entanto, é de carne e osso. Nos cumprimenta, oferece biscoito, segura o elevador para nós. Seria um completo cavalheiro se não fosse o cruel fato de ser um psicopata da chuva. É uma patologia. Nasce-se assim. Ladrão. Chego a imaginar que é incontrolável, o sujeito sente calafrios ao ver o tal objeto. Delira ao imaginá-lo em sua coleção.
     Em sua casa, deve haver um cômodo escondido lotado de guarda-chuvas de todas as cores e modelos. Uma estante de livros deslocada nos levaria a tal local. Porém, jamais o veremos. Os ladrões são maquiavelicamente estrategistas. Morrem com o segredo e nunca, mas nunca se submetem a qualquer chuvisco de fraqueza.    

terça-feira, 5 de julho de 2011

Má-linda

Eu planejei com você
ter você só pra mim
Eu troquei meu eu
por nós e, assim,
ser um, um casal,
um amor, uma vida
Mas essa vida fez
minha vida partida.
Não sei se fui eu
quem se descuidou.
Talvez você
nunca possa me dar amor.
Se estamos juntos
neste beco sem saída
saiba que não aceito despedida.
Se for pra sofrer
é com você
e você sofra por mim.
Que minha história de vida
não se repita
prefiro suportar seu não-amor
a passar ao rebento minha dor.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dom

Das minhas sensações, a das mais fortes é o dom. Aquele que o universo oferece a cada ser; aquele que guia o nosso olhar sobre o mundo. Explico: minha vida é erguida sobre palavras. E é este o meu presente dos céus.
Sinto, então, o dever de desenhar, viver e interpretar cada passo em palavras. Emendar letras como uma inventora. Minhas maiores criações: os textos.
Porém, engana-se quem converte meu dom em apenas papel. Sua origem é a linguagem, que permeia a arte e todas as outras formas de comunicação. Na folha de papel, o que existe primeiro é a solidão - dedos unidos, mas uma só pessoa.
Por vezes, evito separar meus lábios. Elas pulam - meu deus - elas saltam de para-quedas. Letra por letra inventam meu contexto, orações e frases completam meu período.
Em cada parte do meu corpo, encontram-se histórias. Contudo, muitas delas só expresso pela arte. Literatura, teatro, música me ajudam a comunicar. A linguagem me ajuda a viver.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Buy Nothing Day - a resposta

Bem, o Rafael respondeu meu último post e eu creio que a opinião dele é digna de ser repostada. Esses meus amigos cultos me matam de orgulho. Aí vai:

Isso é que nem aquela Hora do Planeta, que o pessoal apaga as luzes de casa por 1 hora contra o aquecimento global. Sempre tem um cético pra nos lembrar que desligar um grande fluxo de energia e retomar o abastecimento abruptamente pode queimar transformadores e torres de transmissão <http://www.contraditorium.com/2009/03/28/hora-da-terra-viva-o-onanismo/>.
(Aliás, mudando bastante o assunto, recomendo também esse link aqui <http://www.contraditorium.com/2010/03/26/hora-do-planeta-e-viva-aquel...>. Nem concordo com a opinião do cara, mas é sem dúvida digno de nota).

Normalmente eu sou do grupo dos entusiastas, sabe, *bora fazer, acontecer e pá! *Mas a verdade é que existe sempre pelo menos duas formas de errar:
1. Você achar que um evento simbólico vai resolver o problema, e usar isso como desencargo de consciência, ou
2. Você apenas criticar e não mexer um dedo porque no fundo nada é eficiente.

E é uma via de dois sentidos. Você fazer uma Hora do Planeta, ou um *Buy Nothing Day*, sem dúvida alarga o círculo de discussão, levando as pessoas a pensar sobre o assunto, mas ao mesmo tempo parece que a questão fica mais superficial do que de fato é.

No fundo esses movimentos são tão simbólicos quanto um pedaço de madeira esculpido em formato de Santo. Tem gente que acha que é só um pedaço de madeira. Tem gente que acha que o pedaço de madeira faz milagre. Tem gente que acredita que funciona pra conversar com Deus, mas sabe que não é suficiente.

E bom, eu particularmente sou um *believer. *Até porque vivemos num mundo repleto de construções em cima de símbolos. Uma cruz não é só uma cruz e um símbolo do McDonalds não é só um símbolo do McDonalds, então por que não?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

É sempre bom saber: Buy Nothing Day


O dia mundial sem compras é um protesto que existe desde 1992 e foi fundado pelo artista Ted Dave em Vancouver, Canadá. Trata-se de um dia do ano reservado à reflexão acerca do consumismo exacerbado, cuja intenção é questionar os valores da sociedade capitalista; no buy nothing day, ninguém gasta dinheiro.

No Canadá e nos Estados Unidos, a data da campanha é sempre na chamada "sexta-feira negra" (ou the black friday). Isso é o dia anterior à celebração do Thanksgiving, feriado em que milhares de norte-americanos trocam presentes comprados, em especial, no dia anterior - sexta-feira. A loucura pelas compras é tamanha que deixa o "pré-Natal" brasileiro no chinelo. Shoppings abertos 24h horas não são nada comparados à invasão das lojas na sexta negra. Veja aqui um exemplo: http://www.youtube.com/watch?v=aeSgBL7gpAk ou aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ehSkxg7wvyk&feature=related

Nos demais países, pratica-se o protesto no último sábado de novembro, ou seja, em 2010 será agora dia 27. Diversas críticas sugerem que o protesto não é válido por centrar-se apenas em um dia do ano, sendo que as pessoas continuam comprando exageradamente em todos os outros. Os ativistas rebatem: por mais que a campanha seja breve, é um dia destinado à reflexão, o que pode ajudar a população a ter consciência da quantidade de gastos desnecessários.
E você, costuma gastar apenas o necessário? Usa todas as roupas que estão no guarda-roupa? Não desperdiça comida? Use o próximo sábado para refletir a respeito e depois responda: você apoia o buy nothing day?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Brás-Ilha

É amor de filha, é duplo e contraditório. E diferente de quem foi acolhido mais velho, eu nasci. Aqui... nasci. Mãe de olhos azuis-rosa-violeta; olhos incansáveis de se ver, olhos que guiam seus acolhidos, vibrantes cores de Picasso, nuvens de esclera. Aurora perfeita.
É uma mãe a que se adapta. Porque, diferente das outras, é organizada, lógica... Planejada por meus avós Brasil. É Moscou verde-amarela.
E como personagem chave minha vida; cidade, me abraça e me mata de tédio. Domingo à tarde. Detesto. Não ter o que fazer em você. Sou rebento da esperança e me maltrata. Porque me ama.
Capital do Brasil, filha do brasileiro, minha mãe avião, que tem asas. Me dá liberdade, educa, corrompe. Cidade centro, sonho de Dom Bosco. Estou crescendo aqui, estou vivendo aqui...