quarta-feira, 23 de junho de 2010

Brás-Ilha

É amor de filha, é duplo e contraditório. E diferente de quem foi acolhido mais velho, eu nasci. Aqui... nasci. Mãe de olhos azuis-rosa-violeta; olhos incansáveis de se ver, olhos que guiam seus acolhidos, vibrantes cores de Picasso, nuvens de esclera. Aurora perfeita.
É uma mãe a que se adapta. Porque, diferente das outras, é organizada, lógica... Planejada por meus avós Brasil. É Moscou verde-amarela.
E como personagem chave minha vida; cidade, me abraça e me mata de tédio. Domingo à tarde. Detesto. Não ter o que fazer em você. Sou rebento da esperança e me maltrata. Porque me ama.
Capital do Brasil, filha do brasileiro, minha mãe avião, que tem asas. Me dá liberdade, educa, corrompe. Cidade centro, sonho de Dom Bosco. Estou crescendo aqui, estou vivendo aqui...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Suposições

Se minha vida fosse um livro, a narração estaria em primeira pessoa. E, relutante, eu me frustraria por não conseguir ser onisciente e onipresente. Em prosa, estaria o cotidiano e as fortes emoções se apresentariam como versos – curtos, brancos, livres e rebeldes. Os críticos enxergariam um expressionismo frustrado e um futurismo ultrapassado, porém o texto é livre de definições. É um poema-romance vanguarda da pós-vanguarda inexistente.

Se minha vida fosse um filme, seria Cult sessão da tarde. Uma mistura de trash, high socity, musical e belas artes. Bergman orientaria a fotografia vermelha como Almodóvar sugeriu; Woody Allen daria um toque de loucura junto ao circo de Fellini. Meu suspense seria a la Hichcock, mas o final feliz nos lembraria os clássicos filmes de Walt Disney.

Se minha vida fosse uma música, o ritmo estaria em ressonância com meu coração e meu amor – sublime e eterno – passearia pelas notas e letras doces, ambíguas e fundas ao toque da canção. Eu dançaria freneticamente sem pensar, sem agir, deixando o destino conduzir.

Mas minha vida é realidade, dia-a-dia, razão. É dura feito consciência pesada, é consistente e exata. Por isso, eu busco a arte e me afogo nas ilusões. Só me prendo à instabilidade e sempre afogo meus pensamentos em emoções.