segunda-feira, 17 de maio de 2010

Por que escrevo

Existe um labirinto entre a boca e a alma, existem palavras que são silêncio – nenhuma voz pode interpretá-las, repeti-las ou mostrá-las. É um vácuo que tende a levar-nos à solidão.

Então encontrei um atalho que liga a alma aos braços e às mãos. E dessa forma eu não crio, eu só traduzo e desvelo o que eu ainda estou conhecendo, o que me faz mexer e dançar. As ideias vêm rodopiando saltitantes e, antes de passarem pelo cérebro, chegam ao papel. Puras e ardidas.

Meu sentimento é arame farpado, a caneta é anestesia da dor da alma e as letras são o sangue que escorre. É tudo nonsense. É tudo perfeição.

Mais uma vez chego ao dilema do auto-conhecimento e concluo que me interpreto pela minha arte. Meus textos representam uma fotografia minha, posso sair de olhos fechados, sorridente, triste ou diferente. Porém, a imagem é sempre minha. Minha letra, minhas frases, meus textos sou eu. E me interpretar é mais que uma análise sintática ou semântica, é agramatical.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por que sou atriz

Ninguém nasce um só. O ser humano é fragmentado, complexo, múltiplo por natureza. Todos querem ser únicos, mas se esquecem de que um todo é formado por partes. Conhecer cada parte é fundamental para que tenhamos consciência do que é estar no mundo e de como lidar com a nossa personalidade e com a dos outros.

A empatia é a maior qualidade que alguém pode ter. Seja com o mundo, seja consigo mesmo. A melhor forma que eu encontrei para aprender a usá-la foi a encenação. Cada personagem capta um pedaço seu escondido ou a mostra. Descubro características óbvias e surpreendentes da minha personalidade neles.

Esse conhecimento de mundo tornou-se como um vício para mim, parte que não quer sair. Já larguei cursos e até a faculdade de arte, porém todos os dias eu só consigo me ver assim, atriz.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Se eu tivesse 15 minutos em que o mundo me ouvisse, eu diria:

A verdade está no ar, captamo-las com observação, paciência e intuição. Ela é instável, mutável e única a cada cidadão, não podendo, portanto, ser ensinada ou transmitida verbalmente.

As opiniões sobre a vida são passageiras, devem ser constantemente reformuladas. O nosso papel no mundo também não é único e é determinado por meio de nossas experiências físicas, sentimentais, lógicas ou emocionais. Podem também ser influenciadas pelos astros, pelos deuses e pelas mentiras.

A arte tem a verdade e é a única forma de materializar emoções. Entregue-se ao abstrato porque a existência foge do concreto. O ser é emoção. A ação é apenas consequência disso. O verbal é a tentativa de tradução, sempre frustrada, da realidade – que nos é interna.

O mundo é dor porque é mistério e a clareza só é possível na introspecção e no auto-conhecimento. Quem conhece a si mesmo, conhece o mundo e somente quem o entende pode transformá-lo tanto para si, quanto para todos.